junho 14, 2025

Síndrome de Burnout

Por Brunna Soares é Psicóloga Especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental

Atualmente, muito se fala sobre o termo Burnout, mas poucas pessoas sabem, de fato, o que ele significa — ou mesmo o quão sério é esse assunto. Quem pode ser afetado? Como se chega a esse estado? Existe alguma classe social ou profissional mais vulnerável?

O tema ganhou destaque no Brasil após a jornalista Izabella Camargo, então colaboradora da TV Globo, sofrer um episódio ao vivo durante a programação da emissora. Desde então, ela tem se posicionado publicamente, nas redes sociais e em entrevistas, sobre a importância da prevenção entre os profissionais.

A Síndrome de Burnout é uma das principais causas de afastamento do trabalho. O Brasil ocupa o segundo lugar no ranking mundial de casos, representando um alerta grave para a saúde pública. A condição foi oficialmente incluída na Classificação Internacional de Doenças (CID-11), definida como “uma síndrome resultante de estresse crônico no local de trabalho que não foi gerenciado com sucesso. Caracteriza-se por três dimensões: esgotamento físico e mental; distanciamento ou negativismo em relação ao trabalho; e queda na eficácia profissional.”

Alguns fatores relacionados ao ambiente organizacional contribuem diretamente para o surgimento do Burnout, como: sobrecarga de tarefas, falta de autonomia e ausência de apoio social no ambiente profissional. As consequências são sérias e podem incluir queda de produtividade, aposentadoria precoce, ansiedade, depressão e até o uso abusivo de álcool, entre outras complicações.

A prevenção é possível e envolve práticas como:

  • Autoconhecimento;

  • Estabelecimento de limites claros;

  • Organização e planejamento da rotina;

  • Priorizar o descanso e o sono de qualidade;

  • Comunicação assertiva;

  • Prática regular de atividades físicas e hobbies;

  • Redução ou eliminação do consumo de bebidas alcoólicas e energéticas.

É essencial estar atento aos sinais. A qualidade de vida da pessoa afetada pode sofrer impactos profundos, afetando autoestima, relações familiares, vida social e situação financeira. Por isso, ao perceber qualquer sintoma, procure ajuda de um profissional habilitado. Psicólogos e médicos são os mais indicados para o acompanhamento e tratamento adequado.

Burnout não é frescura: é um pedido de socorro do corpo e da mente

Burnout não é frescura: é um pedido de socorro do corpo e da mente

Durante muito tempo, sintomas como cansaço extremo, irritabilidade, insônia e desmotivação foram tratados como “preguiça” ou “falta de empenho”. Mas hoje, sabemos que podem ser sinais claros de um esgotamento real, chamado Síndrome de Burnout. E ignorar esses sinais é como deixar um incêndio se espalhar sem tentar apagar.

Burnout não aparece de um dia para o outro. Ele é construído, aos poucos, quando o corpo e a mente são expostos constantemente à pressão, à cobrança excessiva, à falta de reconhecimento e ao medo de falhar. Quando não existe um equilíbrio entre o que se entrega e o que se recebe, a conta emocional começa a chegar.

Por isso, cuidar da saúde mental no ambiente de trabalho é uma responsabilidade compartilhada. Não cabe apenas ao trabalhador se adaptar. As empresas também precisam repensar práticas abusivas, metas irreais e jornadas que desrespeitam os limites humanos. Criar espaços de acolhimento, diálogo e apoio psicológico não é luxo — é necessidade.

Falar sobre burnout é quebrar o silêncio que adoece. E procurar ajuda não é sinal de fraqueza. É um ato de coragem, de amor-próprio e de responsabilidade com a própria vida. Quanto antes reconhecermos os sinais, mais cedo podemos reconstruir o equilíbrio e reencontrar o prazer de viver — dentro e fora do trabalho.