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Número de fintechs no Brasil cresce 77% desde 2020 e acelera transformação no setor financeiro.

Levantamento da A&S mostra expansão contínua das startups financeiras, impulsionada por inovação, digitalização e demanda por serviços mais acessíveis.

O mercado de fintechs no Brasil cresceu 77% desde 2020 e segue em ritmo acelerado de expansão, consolidando o País como um dos maiores polos de inovação financeira da América Latina. O dado faz parte de um levantamento feito pela A&S Partners, que aponta ainda a tendência de continuidade desse avanço nos próximos anos, mesmo diante de desafios regulatórios e econômicos.

A aceleração do segmento é explicada por uma conjunção de fatores: a digitalização de serviços, a demanda crescente por soluções financeiras mais simples e acessíveis, e a insatisfação com modelos bancários tradicionais. As fintechs se tornaram protagonistas na oferta de crédito, pagamentos, gestão de finanças pessoais e acesso a investimentos — tudo de forma ágil, personalizada e com menos burocracia.

De acordo com o estudo, o Brasil contabiliza hoje mais de 1.700 fintechs ativas. Entre as áreas com maior número de empresas estão os segmentos de crédito, pagamentos, bancos digitais e plataformas de investimentos. Nos últimos anos, também houve crescimento expressivo de fintechs voltadas para seguros (insurtechs), câmbio, blockchain e criptoativos.

A pandemia de Covid-19, em 2020, funcionou como um catalisador para esse crescimento. Com a necessidade de distanciamento social, os serviços financeiros migraram para o digital, acelerando a aceitação por parte dos consumidores. Ao mesmo tempo, investidores passaram a enxergar nas fintechs uma alternativa com alto potencial de retorno e escalabilidade.

Outro fator relevante foi a criação do Open Finance (sistema financeiro aberto), regulamentado pelo Banco Central. A iniciativa permitiu o compartilhamento de dados entre instituições financeiras com consentimento dos usuários, favorecendo a concorrência e incentivando o surgimento de novos modelos de negócio. A expectativa é de que esse ambiente continue a estimular a entrada de novas empresas no setor.

Para a A&S Partners, o crescimento das fintechs também está ligado à melhora no ambiente regulatório. O Brasil avançou em normas que equilibram inovação e segurança, dando mais previsibilidade jurídica ao setor. Além disso, o próprio Banco Central tem adotado uma postura de incentivo à modernização do sistema financeiro, com projetos como o Pix, o Drex (real digital) e a regulação de criptoativos.

Apesar do avanço, o setor ainda enfrenta desafios. A elevação dos juros no mercado interno encareceu o crédito e reduziu o apetite por risco entre investidores. Além disso, a competição acirrada exige das fintechs um nível crescente de eficiência operacional e foco em rentabilidade — fatores que têm influenciado a estratégia de fusões, aquisições e reestruturações.

A análise da A&S mostra que as fintechs mais bem posicionadas são aquelas que conseguiram escalar sua base de clientes, diversificar receitas e integrar tecnologia com experiência do usuário. A tendência agora é de amadurecimento do setor, com mais exigência dos consumidores e busca por modelos sustentáveis de negócio.

Outro movimento em destaque é a especialização de nichos. Fintechs voltadas para microempreendedores, agronegócio, educação financeira e inclusão de populações desbancarizadas têm ganhado espaço. Isso demonstra que o ecossistema caminha para uma diversificação ainda maior, adaptando-se às necessidades específicas de públicos variados.

Com a entrada de novas tecnologias como inteligência artificial generativa, análise de dados em tempo real e automação avançada, as fintechs brasileiras tendem a consolidar ainda mais seu protagonismo. Essas inovações devem permitir não só redução de custos, mas também criação de produtos financeiros mais personalizados e acessíveis.

Para os próximos anos, a expectativa da A&S é de que o número de fintechs continue em crescimento, embora com ritmo um pouco mais moderado. O foco estará em consolidação, inovação e expansão internacional. Muitas startups brasileiras já miram mercados da América Latina, levando modelos bem-sucedidos para países com características semelhantes ao Brasil.

Com forte vocação para inovação e um dos públicos mais digitais do mundo, o Brasil segue como terreno fértil para o avanço das fintechs. A transformação do setor financeiro, iniciada por essas startups nos últimos anos, tende a aprofundar-se e reconfigurar, de forma definitiva, a relação entre os brasileiros e o dinheiro.

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