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Inadimplência preocupa e pode superar expectativas do mercado, aponta estudo.

Estimativa para pessoa física varia entre 5,94% e 6,45% nos próximos meses, segundo projeção do Ibevar-FIA Business School.

A inadimplência das famílias brasileiras deve subir além do que previa o mercado e se tornar um dos principais desafios para a economia nos próximos meses. A estimativa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo e Mercado de Consumo (Ibevar) e pela FIA Business School aponta que a inadimplência da pessoa física deve ficar entre 5,94% e 6,45% no curto prazo, superando a média histórica do período.

O cenário é atribuído a uma combinação de fatores que inclui o endividamento elevado das famílias, juros ainda altos e a desaceleração do consumo. Mesmo com a expectativa de redução gradual da taxa básica de juros (Selic), o crédito ao consumidor segue caro, o que dificulta a regularização das dívidas em atraso.

De acordo com o estudo, há uma deterioração nas condições de pagamento dos compromissos financeiros, especialmente entre os consumidores de baixa renda. O comprometimento da renda com parcelas longas, especialmente em cartões e crediários, tem contribuído para o avanço dos índices. Com a inflação ainda pressionando o custo de vida, muitas famílias têm priorizado gastos essenciais, como alimentação e moradia, deixando dívidas em segundo plano.

O relatório do Ibevar-FIA destaca que a expectativa do mercado para a inadimplência vinha sendo mais conservadora. No entanto, os dados mais recentes mostram uma tendência de alta mais acentuada, o que pode obrigar instituições financeiras a rever suas estratégias de concessão de crédito. Bancos e varejistas já monitoram os indicadores com atenção, diante do risco de aumento nas provisões para perdas.

Entre os setores mais afetados estão o varejo, os serviços financeiros e o comércio eletrônico. As empresas dessas áreas dependem fortemente do crédito ao consumidor e já sentem os efeitos do recuo no poder de compra. Para os especialistas, o quadro exige uma reavaliação das políticas de análise de risco e de renegociação de dívidas.

Outro ponto de atenção é o impacto da inadimplência sobre o consumo interno. Com menos espaço no orçamento para novas compras e maior dificuldade de acesso ao crédito, a tendência é de desaceleração nas vendas, especialmente de bens duráveis. Isso pode afetar diretamente o desempenho do comércio no segundo semestre e dificultar a retomada de setores que ainda não se recuperaram plenamente da crise recente.

Embora o Banco Central mantenha um discurso de cautela em relação à política monetária, a persistência da inadimplência em níveis elevados pode influenciar os rumos das próximas decisões do Comitê de Política Monetária (Copom). Uma queda mais lenta nos juros pode ser vista como necessária para evitar um novo ciclo de endividamento excessivo.

O estudo também chama atenção para o crescimento do uso de instrumentos alternativos de crédito, como o Pix parcelado e o “compre agora, pague depois”. Essas modalidades, ainda pouco reguladas, oferecem agilidade, mas também podem contribuir para a ampliação do endividamento se não forem utilizadas com responsabilidade.

A previsão de alta da inadimplência reforça o alerta para consumidores, empresas e formuladores de política econômica. O momento exige prudência nas decisões financeiras e monitoramento constante do comportamento do mercado de crédito. Para o Ibevar-FIA, o combate à inadimplência depende de ações coordenadas entre setor privado e governo, com foco em educação financeira, renegociação de dívidas e ampliação do acesso a crédito responsável.

Caso as projeções mais pessimistas se confirmem, o impacto será sentido em toda a cadeia produtiva. A inadimplência, além de afetar diretamente as famílias, compromete a rentabilidade das empresas, pressiona os indicadores macroeconômicos e pode dificultar o ritmo de crescimento da economia brasileira ao longo de 2025.

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