Organização criminosa criou rede própria para atender integrantes feridos ou doentes, evitando exposição em hospitais públicos.
O Primeiro Comando da Capital (PCC), maior facção criminosa do Brasil, mantinha um sistema médico clandestino para atender seus membros, conhecido informalmente como “plano de saúde do crime”. A estrutura tinha como objetivo oferecer assistência médica a integrantes feridos em confrontos ou adoecidos, sem recorrer à rede pública, onde poderiam ser identificados e presos.
De acordo com investigações, o esquema envolvia médicos e enfermeiros recrutados por meio de ameaças ou altos pagamentos. Clínicas improvisadas eram montadas em locais estratégicos, muitas vezes em casas alugadas, enquanto equipamentos e medicamentos eram adquiridos de forma ilícita. “Eles criaram um sistema eficiente para garantir a recuperação de seus homens e evitar fraquezas na organização”, explicou um investigador.
O plano de saúde do PCC ia além de cuidados emergenciais. Membros em regiões mais afastadas tinham acesso a serviços de telemedicina ou eram deslocados para locais onde o atendimento clandestino fosse possível. Para sustentar o esquema, a facção utilizava recursos provenientes do tráfico de drogas e outras atividades ilegais.
Especialistas apontam que o sistema evidencia o alto nível de organização do grupo. “Eles adaptaram práticas empresariais para o crime, criando um modelo de gestão de recursos e serviços”, afirmou um analista de segurança pública. Além disso, o uso de tecnologia e logística sofisticada reforça o poder da facção em controlar suas operações.
A descoberta do esquema levou autoridades a intensificarem as investigações e desarticularem as redes de apoio. Mesmo assim, especialistas alertam que a estrutura reflete a capacidade do crime organizado de atuar de forma autônoma e eficiente, criando soluções para seus próprios desafios operacionais.