Comemorado em 24 de maio, data resgata memória de uma atividade que foi essencial na organização administrativa e marca a transição para a era digital.
Celebrado em 24 de maio, o Dia do Datilógrafo presta homenagem a uma profissão que marcou profundamente a história do trabalho administrativo no Brasil. Durante décadas, os datilógrafos foram peças-chave na produção de documentos, relatórios, ofícios e comunicações oficiais em empresas, repartições públicas e instituições de ensino. A profissão exigia precisão, agilidade e domínio técnico sobre as máquinas de escrever — equipamentos que, por muito tempo, representaram o coração da burocracia.
Com o avanço da tecnologia e a chegada dos computadores pessoais, a datilografia deu lugar à digitação, e a função foi gradualmente sendo substituída por novos perfis profissionais. No entanto, o legado dos datilógrafos permanece. Foram eles que estabeleceram padrões de organização, estrutura textual e eficiência que continuam a nortear a produção documental, especialmente nos setores públicos.
No contexto da gestão pública, a figura do datilógrafo simboliza a transição entre o modelo analógico e o digital. Muitas repartições ainda enfrentam o desafio de modernizar seus processos, migrando arquivos físicos para sistemas eletrônicos. A digitalização da máquina pública exige planejamento, investimento e formação técnica — uma continuidade do trabalho iniciado por datilógrafos, agora sob novas ferramentas.
Além disso, a celebração da data serve como ponto de partida para discutir a preservação da memória institucional. Arquivos históricos, atas, legislações e registros administrativos ainda armazenados em papel foram, em grande parte, produzidos por datilógrafos. Valorizar esse trabalho é também reconhecer a importância da organização documental como patrimônio da gestão pública e da história administrativa do país.
A valorização da documentação histórica — muitas vezes digitada em máquinas mecânicas com extrema precisão — se tornou um desafio contemporâneo. Governos que investem em centros de digitalização, formação de acervos públicos e acessibilidade à informação reconhecem, ainda que indiretamente, o papel fundacional dos datilógrafos na construção desses acervos.
Em tempos de automação e inteligência artificial, o resgate de profissões como a do datilógrafo ajuda a refletir sobre as transformações no mundo do trabalho e a importância da adaptação constante. O profissional que dominava a máquina de escrever precisou se reinventar — muitos migraram para funções de secretariado, arquivo ou suporte administrativo com uso de computadores.
É também uma oportunidade para pensar na formação técnica dos servidores públicos. Profissões que se transformam ao longo do tempo revelam a necessidade de políticas de capacitação contínua. Investir em treinamento e requalificação deve ser prioridade nas gestões que buscam modernizar suas estruturas sem abrir mão do capital humano acumulado.
O Dia do Datilógrafo, portanto, não é apenas uma celebração nostálgica, mas uma chance de reconhecer que, por trás de cada processo bem documentado, havia — e ainda há — profissionais comprometidos com a clareza, a formalidade e a eficiência do serviço público.
Celebrar essa profissão é também reafirmar o valor da memória administrativa e da qualificação técnica no setor público. Em tempos de transformação digital, é fundamental lembrar que as bases da gestão eficiente foram construídas tecla por tecla, por mãos treinadas, precisas e silenciosamente indispensáveis.
