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De Niro Reflete sobre Coincidências entre ‘Dia Zero’ e o Governo Trump.

Em entrevista à VEJA, ator comenta sobre os paralelos entre a trama de ‘Dia Zero’ e a ascensão de políticas autoritárias nos Estados Unidos, além da conexão com grandes corporações.

 Robert De Niro, um dos maiores atores da sua geração e crítico aberto ao governo de Donald Trump, compartilhou reflexões sobre as coincidências entre o cenário apresentado em sua mais recente produção, Dia Zero, e o governo Trump. De Niro, que sempre se posicionou contra as políticas do ex-presidente americano, falou sobre como a série da Netflix aborda questões de autoritarismo, polarização política e a crescente influência das corporações no processo governamental. A trama de Dia Zero apresenta uma sociedade americana à beira do colapso, onde a ascensão de um governo fascista e corporativista se torna uma realidade possível.

A série, que mistura elementos de ficção com uma análise crítica das dinâmicas políticas e sociais contemporâneas, explora como figuras políticas se aliam a grandes empresas para garantir poder e controle, algo que, segundo De Niro, não é apenas uma ficção, mas uma realidade alarmante. Ele mencionou que, durante o governo Trump, as fronteiras entre política e negócios se tornaram cada vez mais difusas, com grandes corporações ganhando influência direta sobre decisões governamentais, muitas vezes em detrimento da população. “A relação entre o poder político e as grandes corporações não é apenas um tema de Dia Zero, mas uma realidade que vimos crescer nos últimos anos, especialmente sob a presidência de Trump”, afirmou De Niro.

Na entrevista, De Niro fez uma comparação direta entre as atitudes de Trump e os personagens da série. Ele explicou que, assim como em Dia Zero, onde um governo autoritário começa a se instaurar por meio da manipulação da opinião pública e da supressão das liberdades individuais, a administração de Trump foi marcada por discursos polarizadores e atitudes que flertaram com ideais autoritários. O ator destacou que a manipulação da narrativa e a busca por um controle absoluto sobre a sociedade são temas que permeiam tanto o enredo da série quanto a política real vivida nos Estados Unidos durante aquele período.

De Niro também falou sobre a crescente divisão entre os cidadãos americanos e como isso reflete as tensões políticas dentro da própria sociedade. Ele acredita que Dia Zero não apenas dramatiza essas divisões, mas também oferece uma visão de alerta sobre o que pode acontecer se o país continuar a permitir que essas forças polarizadoras dominem o debate público. “O que vimos com Trump foi a ascensão de uma mentalidade de ‘nós contra eles’, onde o objetivo era consolidar o poder em mãos de uma elite política e corporativa, em detrimento das necessidades reais da população”, disse De Niro.

Além disso, De Niro apontou que a série também explora como grandes empresas, muitas vezes com seus próprios interesses ocultos, podem manipular decisões políticas para favorecer seus lucros e agendas. “As empresas sempre exerceram poder, mas nunca de maneira tão explícita e interligada com o governo”, afirmou o ator. A obra denuncia como as corporações podem influenciar políticas públicas, desde questões ambientais até leis trabalhistas, para moldar um sistema que favorece cada vez mais os mais ricos e poderosos, enquanto prejudica a classe média e os mais vulneráveis.

A relação entre política e grandes empresas foi uma das marcas do governo Trump, que frequentemente favoreceu o setor privado e diminuiu a regulamentação, permitindo que práticas empresariais nocivas se expandissem. De Niro afirmou que esse alinhamento entre política e negócios é o reflexo de um sistema em que os interesses financeiros e políticos se sobrepõem, minando as democracias e criando um ambiente propício para o autoritarismo. “As corporações não têm nenhum compromisso com a democracia ou com os interesses do povo. Elas só buscam seu próprio lucro, e quando essa aliança entre governo e empresas se fortalece, o resultado pode ser desastroso para a sociedade”, destacou.

O ator também revelou que o objetivo de Dia Zero não é apenas entreter, mas provocar uma reflexão profunda sobre as direções que a política pode tomar quando esses interesses corporativos e autoritários ganham terreno. Ele acredita que, por meio de sua atuação e do enredo, a série serve como um alerta para a sociedade americana e para o mundo, sobre os perigos da concentração de poder e da falta de responsabilidade das elites políticas e empresariais.

Em relação à recepção do público, De Niro expressou seu desejo de que a série provoque uma mudança de perspectiva nas pessoas. Ele argumentou que, embora as questões abordadas em Dia Zero possam parecer distantes de algumas realidades, elas refletem uma tendência global que deve ser observada com cautela. “Não estamos apenas falando de uma história fictícia. O que mostramos em Dia Zero é o reflexo do que pode acontecer em um mundo onde a democracia e a justiça são subvertidas por interesses poderosos”, concluiu De Niro.

A série Dia Zero, disponível na Netflix, explora temas como o autoritarismo, a manipulação política e a crescente concentração de poder nas mãos de grandes corporações. Ao tratar dessas questões, a obra se conecta diretamente com os eventos políticos e sociais mais recentes, servindo como uma reflexão sobre os rumos da democracia e a necessidade de vigilância constante frente às ameaças que surgem tanto de governos quanto de grandes conglomerados empresariais.

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